Eu pensei na maçã
Mais isso foi ontem
Hoje quero vinho quente no café
É só o que eu quero
Nada de ver o sol nascer
Eu penso que chorar faz mal
Como música idiota
É não cuidar da própria vida
E da de qualquer um que se queira
Quero meu vinho quente no café da manhã
Mesmo que me doa o estômago
E dê dor de cabeça
Me ofereça algo que não seja me tocar
Por favor, não me toque
Tente assim
É mais fácil...
Eu quero paz
Felicidade explícita e dolorosa
Por um instante
A humanidade agradece
24 de set. de 2009
Velhice é quando se
Aquilo que sempre quis ter
Sem esquecer que pra tal
É preciso quase-morrer
É preciso chorar escondido
É preciso um sofá confortável
E também uma boa campanha
De uma vida de sorrisos amargos
E de luz no fim da estrada
É preciso uma fila no banco
É preciso um penico no quarto
E também um colchão duro
De forma que se durma bem
E se se esquecer do café, repetir
É preciso a tal paciência
É preciso a tal solidão
E também enterrar os amigos
De tudo restar o bom-senso
E se o tempo arruinar, remédio
É preciso um pijama de seda
É preciso uma estante de livros
E se o sim perder o sentido, de juízo
De uma padaria por perto
E se o sol esquentar um bom banho
É preciso cuidado ao andar
É preciso um barbeiro confiável
E para vontade de amar, remédio
De almoço uma boa salada
E de água a todo instante
É preciso cuidar do tempero
É preciso olhar para frente
E quando o viver cansar, paciência
De sossego precisa-se sempre
E de música nem tanto
É preciso tomar chá sem doce
É preciso escovar os dentes
E quando o apetite faltar, remédio
De uma ida ao teatro é preciso
E de pagar meia-entrada nem tanto
É preciso ainda verdade
É preciso escolher bem as flores
E muito do mundo guardar
De um sono sofrido ou um pranto
E se a luz se apagar, paciência
É preciso o dia da morte
É preciso sair no jornal
E de vazias palavras breves
De viver nada se leva
E se deixa a despesa da festa
Aquilo que sempre quis ter
Sem esquecer que pra tal
É preciso quase-morrer
É preciso chorar escondido
É preciso um sofá confortável
E também uma boa campanha
De uma vida de sorrisos amargos
E de luz no fim da estrada
É preciso uma fila no banco
É preciso um penico no quarto
E também um colchão duro
De forma que se durma bem
E se se esquecer do café, repetir
É preciso a tal paciência
É preciso a tal solidão
E também enterrar os amigos
De tudo restar o bom-senso
E se o tempo arruinar, remédio
É preciso um pijama de seda
É preciso uma estante de livros
E se o sim perder o sentido, de juízo
De uma padaria por perto
E se o sol esquentar um bom banho
É preciso cuidado ao andar
É preciso um barbeiro confiável
E para vontade de amar, remédio
De almoço uma boa salada
E de água a todo instante
É preciso cuidar do tempero
É preciso olhar para frente
E quando o viver cansar, paciência
De sossego precisa-se sempre
E de música nem tanto
É preciso tomar chá sem doce
É preciso escovar os dentes
E quando o apetite faltar, remédio
De uma ida ao teatro é preciso
E de pagar meia-entrada nem tanto
É preciso ainda verdade
É preciso escolher bem as flores
E muito do mundo guardar
De um sono sofrido ou um pranto
E se a luz se apagar, paciência
É preciso o dia da morte
É preciso sair no jornal
E de vazias palavras breves
De viver nada se leva
E se deixa a despesa da festa
Mais quer, quer, quer
Encontrar a si
Mesmo se for só
E que fique só
Só pra ser feliz
Feliz se for só
Unicamente seu
Sem pesar de ser
Aquilo que o outro quer
Sem mesmo saber
De si
É deixar fluir
O som
Sentir,
A poeira leve
Da solidão
E transformar
Aquele sonho bom
Em tom
Em mar
Mar azul
Sem pedir, sair
Aonde ir, ficar
E viver de sim
Deixar...
Encontrar a si
Mesmo se for só
E que fique só
Só pra ser feliz
Feliz se for só
Unicamente seu
Sem pesar de ser
Aquilo que o outro quer
Sem mesmo saber
De si
É deixar fluir
O som
Sentir,
A poeira leve
Da solidão
E transformar
Aquele sonho bom
Em tom
Em mar
Mar azul
Sem pedir, sair
Aonde ir, ficar
E viver de sim
Deixar...
22 de set. de 2009
Várias cores,
Tamanhos, odores, idades...
Aquelas que deixam saudades
Aquelas que causam espanto
Pra todo lugar que se olha
Em todo canto
Seguindo mato adentro
Dentro daquele convento
Tem em academia, supermercado, padaria
Em buteco, borracharia, churrascaria
Na previsão do tempo
Quando se anda de avião...
Hoje até em caminhão
Umas rodam feito corrimão
Tem "neguim" que passa a mão
Tem "neguim" que passa não
Uns encontram muito cedo
E não dão sussego
Já outros morrem de medo
Resolvem guardar segredo
Acompanham a história
Estão nos anais da memória
Causando dor e sofrimento
Alegria e esperança
Algumas se escondem tristes
Detrás da aliança
Embaixo da pança...
Já teve a que causou morte,
Guerra, desolação
Mas já teve a intocada
Que guiou revolução
Umas agente deseja,
Busca tamanho é o dia
Outras agente esquece
E deixa molhar na pia
Tem de graça na boate
Pra comprar lá na esquina
Antes era privilégio
De mulher-moça-menina
Homem mesmo não tinha!
Mais nesse mundo do cão
Inventaram a medicina
Que inventou o travecão
(Feita por encomenda como camisa da Ghambiarra)
Tamanhos, odores, idades...
Aquelas que deixam saudades
Aquelas que causam espanto
Pra todo lugar que se olha
Em todo canto
Seguindo mato adentro
Dentro daquele convento
Tem em academia, supermercado, padaria
Em buteco, borracharia, churrascaria
Na previsão do tempo
Quando se anda de avião...
Hoje até em caminhão
Umas rodam feito corrimão
Tem "neguim" que passa a mão
Tem "neguim" que passa não
Uns encontram muito cedo
E não dão sussego
Já outros morrem de medo
Resolvem guardar segredo
Acompanham a história
Estão nos anais da memória
Causando dor e sofrimento
Alegria e esperança
Algumas se escondem tristes
Detrás da aliança
Embaixo da pança...
Já teve a que causou morte,
Guerra, desolação
Mas já teve a intocada
Que guiou revolução
Umas agente deseja,
Busca tamanho é o dia
Outras agente esquece
E deixa molhar na pia
Tem de graça na boate
Pra comprar lá na esquina
Antes era privilégio
De mulher-moça-menina
Homem mesmo não tinha!
Mais nesse mundo do cão
Inventaram a medicina
Que inventou o travecão
(Feita por encomenda como camisa da Ghambiarra)
Um belo dia Lineu
Acordou com a inchada torta e resolveu
Criar para si divisão
Foi invadir o quadrado
De quem estava largado
Comendo seu pão mofado
A coisa já estava armada
Uma tal revolução
-Que quase sempre dá em nada
Inventou hierarquia
Com Reino, Filo e Espécie
Que enquadrasse quem pudesse!
Mas o Verme de longe ouvia
Tão grande latrumia
Do pai da Taxonomia
Agora ele tinha nome,
Classe e regalia
De bicho da goiaba
Tornou-se invertebrado
E ganhou até família!
O Verme marcou reunião
Fez gráfico e planilha
Queria avisar o mundo
Tinha grupo seleto
Ia receber visita
De ilustre parasita
Mais de Rei nada não tinha
A ciência desalmada
Descosturou sua bainha
Picou sua grandeza em filos
E o Verme tão contente
Voltou a ser indigente
Saiu dos confins da terra
Armou seu povo pra briga
E preparou sua vingança:
"Se não posso ter grupo
Resta uma só esperança
Mudar do buraco escuro!"
E para cambiar a vida
Fez cirurgia conhecida
Passou a se chamar Lombriga
Mas por falta de opção
De lugar mais luxuoso
Acabou em buraco novo
Uma velha conhecida
Sempre bem abastecida
E por culpa de Lineu
O bom verme se perdeu
E foi morar na barriga
Acordou com a inchada torta e resolveu
Criar para si divisão
Foi invadir o quadrado
De quem estava largado
Comendo seu pão mofado
A coisa já estava armada
Uma tal revolução
-Que quase sempre dá em nada
Inventou hierarquia
Com Reino, Filo e Espécie
Que enquadrasse quem pudesse!
Mas o Verme de longe ouvia
Tão grande latrumia
Do pai da Taxonomia
Agora ele tinha nome,
Classe e regalia
De bicho da goiaba
Tornou-se invertebrado
E ganhou até família!
O Verme marcou reunião
Fez gráfico e planilha
Queria avisar o mundo
Tinha grupo seleto
Ia receber visita
De ilustre parasita
Mais de Rei nada não tinha
A ciência desalmada
Descosturou sua bainha
Picou sua grandeza em filos
E o Verme tão contente
Voltou a ser indigente
Saiu dos confins da terra
Armou seu povo pra briga
E preparou sua vingança:
"Se não posso ter grupo
Resta uma só esperança
Mudar do buraco escuro!"
E para cambiar a vida
Fez cirurgia conhecida
Passou a se chamar Lombriga
Mas por falta de opção
De lugar mais luxuoso
Acabou em buraco novo
Uma velha conhecida
Sempre bem abastecida
E por culpa de Lineu
O bom verme se perdeu
E foi morar na barriga
Biofrases
21 de set. de 2009
O mais forte é apenas aquele com maior número de fibras de actina e miosina.
O mais fraco é apenas aquele que não come proteína.
Vejo no espelhar do teu olho a magnificiência múltipla dos meus músculos hipertrofiados.
No hospital a morte veste branco.
Na porta do quarto 232: "Absolutamente ele morreu".
O atleta corre a maratona, meu sofá se cansa.
Torna o coração cheio - o nervo vago.
Sobe a saia da menina e a adrenalina.
Bater-cabeça não faz mal com plasticidade neuronal.
Anabolizante faz bem a saúde de quem vende ataúde.
Se a síncope é por mim, quem será contra?
O mais fraco é apenas aquele que não come proteína.
Vejo no espelhar do teu olho a magnificiência múltipla dos meus músculos hipertrofiados.
No hospital a morte veste branco.
Na porta do quarto 232: "Absolutamente ele morreu".
O atleta corre a maratona, meu sofá se cansa.
Torna o coração cheio - o nervo vago.
Sobe a saia da menina e a adrenalina.
Bater-cabeça não faz mal com plasticidade neuronal.
Anabolizante faz bem a saúde de quem vende ataúde.
Se a síncope é por mim, quem será contra?
Quantum
“Pudera ser um animal em pleno século XXI” - não diz muita coisa, mas em que século animal disse algo lógico? Lógico... No que permeia as definições filosóficas, ter lógica é no fim das contas dar sentido ao processo de forma que o objetivo seja alcançado com coerência.
Ou seria esse tipo de conversa íntima com meu “eu” animal só um guia nas minhas compilações existenciais ao recesso ideológico de uma frase sem fim?
Escrever assim sem rumo-ritmo-rima sempre foi uma pretensão do verme. Encontrei-o quando não quis; não se procura vermes por aí.
Ou seria esse tipo de conversa íntima com meu “eu” animal só um guia nas minhas compilações existenciais ao recesso ideológico de uma frase sem fim?
Escrever assim sem rumo-ritmo-rima sempre foi uma pretensão do verme. Encontrei-o quando não quis; não se procura vermes por aí.
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