Quando quero foto de criança
Escrevo criança e acho
Se quero uma nebulosa escura
Digito e sempre encontro
Flores floridas em março
Cadeiras, bolos e chapéus
Inocentemente procuro
E vem a mim saltitantes
Me descontrolo se quero
Encontrar uma mulher composta
Mesmo que esteja de costas
Encontrar uma freira amiga
Mesmo que pouco vestida
E se tento uma ninfa virgem?
Impossível, impossível...
Alguém sopra ao meu ouvido
“Se for isso que quer achar,
Escreve Boceta”
Luamádentrô
Uma lua luou num luar radiante
Esfregou na minha boca teu corpo excitante
Expurgou seu gozar num claríssimo instante
E se foi, foiseindo pro inferno de Dante
E me deixou deixado no prefácio eterno
Num início doloroso, dolorante
Vazou a lua no mar, luamadentrô
Rapariga!
Esfregou na minha boca teu corpo excitante
Expurgou seu gozar num claríssimo instante
E se foi, foiseindo pro inferno de Dante
E me deixou deixado no prefácio eterno
Num início doloroso, dolorante
Vazou a lua no mar, luamadentrô
Rapariga!
Neguinha que padece de usura
Não esquece nenhuma amargura
Quebra a esquina do pecado nua
E anda de tamancos na calçada
Não sente dor, tristeza, espanto
Mais se pagam bem se esconde em algum canto
Sobe o telhado paladinha
Vai espiar o filho da vizinha
Da comida de manhã pro gato
Toca o seio e troca o sapato
Veste um terninho, assim, bem passado
E rebola-desce a ladeira do mercado
Sem pensar em nada, espevitada
Guardando mágoa da vida passada
Tempo bom de empregada
Lavar, passar, cozinhar o patrão
Limpar tudo até ter promoção
Perder o emprego e a comunhão
Cuspir a hóstia sagrada no chão
"Mulher cabrita aqui entra não"
Ganhou meio dia pedaço de pão
Esbravejou, não quis esmola
Pau-de-arara,leva a vida na sacola
Rodoviária, trepa, ganha, come
A fome dói quando se sente fome
Resmungar e viver sua vida
Sonhos distantes na manhã sofrida
Lavar latrina pra ganhar trocado
Bunda pra cima e tá tudo arrumado
Pegar o mote debaixo da pança
Lembrar do tempo que já foi criança
Olhar no olho da ingenuidade
E tudo aquilo agora é só saudade
Amarga o peito e chora com vontade
Escorre o rosto a lágrima salgada
Triste destino da mulata
Boa de lida, de cama e de estrada
Não esquece nenhuma amargura
Quebra a esquina do pecado nua
E anda de tamancos na calçada
Não sente dor, tristeza, espanto
Mais se pagam bem se esconde em algum canto
Sobe o telhado paladinha
Vai espiar o filho da vizinha
Da comida de manhã pro gato
Toca o seio e troca o sapato
Veste um terninho, assim, bem passado
E rebola-desce a ladeira do mercado
Sem pensar em nada, espevitada
Guardando mágoa da vida passada
Tempo bom de empregada
Lavar, passar, cozinhar o patrão
Limpar tudo até ter promoção
Perder o emprego e a comunhão
Cuspir a hóstia sagrada no chão
"Mulher cabrita aqui entra não"
Ganhou meio dia pedaço de pão
Esbravejou, não quis esmola
Pau-de-arara,leva a vida na sacola
Rodoviária, trepa, ganha, come
A fome dói quando se sente fome
Resmungar e viver sua vida
Sonhos distantes na manhã sofrida
Lavar latrina pra ganhar trocado
Bunda pra cima e tá tudo arrumado
Pegar o mote debaixo da pança
Lembrar do tempo que já foi criança
Olhar no olho da ingenuidade
E tudo aquilo agora é só saudade
Amarga o peito e chora com vontade
Escorre o rosto a lágrima salgada
Triste destino da mulata
Boa de lida, de cama e de estrada
Definição minimalista sobre o mundo II
O mundo é um cabaré, às vezes, paga-se pra gozar, às vezes, goza-se sem pagar.
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