Noturno I

4 de nov. de 2009
De quem será
A mão
Esquerda
Que empurra
O berço
Na escuridão?
Não deixo
Aberta
A porta
Fecho
A janela
Bem!
E durmo
Quietinha
Não acordo
Ninguém...

Poeminha 18 (anos)

O sorvete
Doce pela boca
Tem gosto
De barulho
De carroça
Mas é azul
Pra vista
Que gosta
Ice blue!
Desce gelado
Na goela
E sai
No roxo
Do cu

Parquinho

Quadrado de crianças
Brincando de peteca
A nuvem se anuncia, carregada
Ouve-se o borbulhar
Da escovinha da empregada
O dia se umedece
E a chuva acelera e desce
Cai-caindo num toró
Desabando o céu todinho
Sem dó

Da dor que a escrita dá

Na fase do não escrevo
A mão torna-se pesada
O estilo perde o fio
E a folha, a meada
O que antes era leve
Engrossa-se e desafina
E o poema que era fácil
Sublima.

O que antes era claro, turva
O que fora clarão, anuvia
E outra vez pousa a mão sobre a mesa
A falta de formas
Torna-se então
Leveza.








Com Thatyellen*

Passado

Tudo, tudo passa:
A noite desesperada
A morte da filha amada
A casa incendiada,
Pela burrice da empregada
O dia da ira mortal
A multa por ultrapassar
O sinal daquele corte
A falta noturna de amor
O dissabor do beijo
Dado sem desejo

25,5

O que é a felicidade?
É maior que a vida?
Que um hospital
Desabando
Em dia
De
Visita?

Poema 71

Se na manhã o não se levanta
E corre o derredor da avenida
E o sol de luz se anuncia
E dói a vista desacostumada
Tapa-se o olho com a mão
Entre a avenida e a calçada
Passa correndo o caminhão
E interrompe a caminhada