Triste de tanto comer
Cheio de tanto escutar
Cansado de tanto ver
Molhado de tanto suar
E tudo se repetindo
O primo aleijado chora
Não pode brincar de correr
O primo encapetado berra
Ri alto até quase morrer
A prima que tinha espinha
Agora tem namorado
Taxista renomado
Já transportou deputado
A Tia magra de saia
Faz o papel da árvore colorida
E só para de falar
Pra mastigar a comida
Sentada no canto da sala
A vizinha deprimida
Perdeu o marido e os filhos
Alguém cochicha: "foi batida, foi batida"
Todo mundo ouve calado
E o aleijado se mija
E servem a mesa vermelha
Com cadáveres diversos
O marido novo de alguém
Vegetariano e advogado
Faz um discurso de protesto
E servem o segundo prato
E servem o terceiro prato
Peru, pato, leitão
Frango assado serve no quarto ao lado
A cunhada nova pro Ricardão
E entra na porta armado
Vestido de Papai Noel
O irmão todo exaltado
Pra encerrar o natal
Dá três tiros, afobado
No papagaio
Na parede
E no céu
E termina o natal
Sem sobremesa e sem graça
Como sempre ano que vem
Vai ser a mesma desgraça
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3 comentários:
Trágico.
"Drama, drama, drama..."
Prefiro pensar que tem mais sexo que morte na sua cabeça. Hahha!
Bjo!
'Frango assado serve no quarto ao lado
A cunhada nova pro Ricardão'
Tâo bem descrito que dá pra enxergar a cena exatamente como acontece!
Tinha que ser você mesmo.
um beijinio, deusínio.
Eu concordo com a Joanna. Mais do que morte tem...
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