Da pedra morta, atirada
No rosto torto da vida
Só sobra a coragem calada
A sombra da face vencida
Poeminho meta
Da letra marcada na folha
Da palavra trivial, colada, morta,
Pulsa a luz impenetrável.
E da mente semi-aberta
Saltam as fibras da cor.
Da palavra trivial, colada, morta,
Pulsa a luz impenetrável.
E da mente semi-aberta
Saltam as fibras da cor.
A sorte da gota no escuro.
A gota no escuro lamenta sua sorte. Tão próxima do limbo, primo-irmão da morte. Sôfrega sente e camufla sua dor miserável. É afável o destino que a cerca, a faz secar, ser mancha. Sem cor, sem vida.
Sombra
Achasse que fosse o que era.
“Um intelectual de merda?”
Que seja o que era sem achar que era (ou que fosse).
“Um intelectual de merda?”
Independente do que era, que exteriorizasse.
“Exteriorizar a intelectualidade?”
A merda mesmo!
“Um intelectual de merda?”
Que seja o que era sem achar que era (ou que fosse).
“Um intelectual de merda?”
Independente do que era, que exteriorizasse.
“Exteriorizar a intelectualidade?”
A merda mesmo!
Carona
Andei a pé
Até onde deu
Agora pego carona
Pra apressar o passo
Um dia eu baixo.
Levo um mundo em meu umbigo
É divertido ser egoísta
Carregar em si um “tudo”
Mesmo que seja pouco.
O pouco que em mim levo
É muito pros seus cílios
É fibra morta, eu sei
Mas é fibra minha, fibra solitária.
Um dia eu canso e paro
Chamo isso de morte.
Até onde deu
Agora pego carona
Pra apressar o passo
Um dia eu baixo.
Levo um mundo em meu umbigo
É divertido ser egoísta
Carregar em si um “tudo”
Mesmo que seja pouco.
O pouco que em mim levo
É muito pros seus cílios
É fibra morta, eu sei
Mas é fibra minha, fibra solitária.
Um dia eu canso e paro
Chamo isso de morte.
Todo mundo ri
24 de dez. de 2009
Tem Caetano, todo mundo gosta.
Quando cai, todo mundo ri.
E tem Tom Zé, apoteose virtuosa.
Estrondo de espuma transcendente;
Tom Zé que ninguém conhece
Quanto inventismo!, todo mundo ri.
Quando cai, todo mundo ri.
E tem Tom Zé, apoteose virtuosa.
Estrondo de espuma transcendente;
Tom Zé que ninguém conhece
Quanto inventismo!, todo mundo ri.
Intolerância
18 de dez. de 2009
Veste esse casaco, menino
Que o vento vai congelar
Anda nevando tijolo
E o calor tá de matar
Suando pra variar, digo:
Terra boa é essa nossa!
Dá pra se colonizar;
Viver de agricultura e corte.
Querendo, aqui tudo dá:
A cabra pro cabrito,
A gamboa pro gambá
Tem até quem come égua
Mas larga isso pra lá.
Que o vento vai congelar
Anda nevando tijolo
E o calor tá de matar
Suando pra variar, digo:
Terra boa é essa nossa!
Dá pra se colonizar;
Viver de agricultura e corte.
Querendo, aqui tudo dá:
A cabra pro cabrito,
A gamboa pro gambá
Tem até quem come égua
Mas larga isso pra lá.
1920 - Entre Dezembro e a Eternidade.
Era entre dezembro e a eternidade, e no meio de tudo um ponto. E o ponto se movia e sumia no escuro. E era alto e feio o muro. Não tinha cor... Tinha cheiro de vida besta. "E atrás do muro o que tinha?". Tinha tanta coisa que hoje não tem mais... Hoje é a dor e o desespero. O ponto é apenas raro limite entre opostos. Opostos que quase se misturam. Que de longe parecem juntos, de perto a dicotomia vence. "E se chega a escolha?". A escolha é lúdica e breve. É só olhar pra trás e imaginar o ponto se movendo; ele não tem lugar pra si, pra se encontrar. Não deve fazer sentido. E eu não quero que faça. Volto ao que foi e ao que era... Por mais que pareça loucura, sadismo. Quero qualquer bobagem. “E o tempo?”. O tempo é o pai de tudo. O tempo agradece a dádiva. E tudo se acostuma novamente ao comum - é fácil. As crianças continuam chorando e sorrindo por doces; continuam andando em seus crocodilos...
Las nalgas
16 de dez. de 2009
As bundas das mulheres
Que se movem se movem se movem
Carregam na barriga as crianças
E as crianças não se pode ver
E as crianças não se pode ver
Que se movem se movem se movem
Carregam na barriga as crianças
E as crianças não se pode ver
E as crianças não se pode ver
Bom dia, Tia
15 de dez. de 2009Biofrases Return
Vejo no espelhar do teu olho a magnificiência
múltipla
dos meus músculos hipertrofiados.
dos meus músculos hipertrofiados.
No hospital a morte
veste branco.
O atleta corre a maratona,
O atleta corre a maratona,
meu sofá se cansa.
Sobe a saia da menina
Sobe a saia da menina
e a adrenalina.
Bater-cabeça não faz mal
com plasticidade neuronal.
Se a síncope é por mim, quem será contra?
Se a síncope é por mim, quem será contra?
Um motivo?
14 de dez. de 2009
Ela corria nua pela rua - assim sem sentido. Não pensava nos carros que passavam tão perto. Nem no suor que (es) corria na ponta dos dedos. Não olhava para frente, não fingia que era normal correr pelada pela rua; só corria. Correu até cansou. Pediu e pegou uma carona: voltou pra casa. O motorista do carro não questionou sua nudez. Não reparou nos mamilos excitados... Ela foi deixada na porta de casa.
Morreu 40 anos depois de picada de cobra. A cobra não tinha veneno. Eis o motivo da história.
Morreu 40 anos depois de picada de cobra. A cobra não tinha veneno. Eis o motivo da história.
Chuvinha.
A chuva caiu na calha;
Ninguém ouviu.
Só escutei o barulho da chuva
Quando a calha entupiu.
Vigilância.
Da janela ele olha
Ele olha e não vê
Não vê o que deveria, a meu ver.
E no sofá se esconde,
E de casa não sai,
É medo de ir aonde
O olho da mãe não vai.
Como seria ficar?
Ficar de permanecer...
Sempre se pensa em ir
E voltar.
Ficar na janela eterna,
Esquentar o sofá,
Repetir o que a mãe ensina:
"É prohibido viver!,
É permitido estar.”
Ele olha e não vê
Não vê o que deveria, a meu ver.
E no sofá se esconde,
E de casa não sai,
É medo de ir aonde
O olho da mãe não vai.
Como seria ficar?
Ficar de permanecer...
Sempre se pensa em ir
E voltar.
Ficar na janela eterna,
Esquentar o sofá,
Repetir o que a mãe ensina:
"É prohibido viver!,
É permitido estar.”
O fim é o verbo.
Programar.
Assuntar.
Resolver.
Mudar.
Propor.
Marcar.
E essa vida infinitiva,
Em eterna descontinuidade.
De verbos em "novelar, novelar, novelar."
Meu verbo preferido é viver.
Assuntar.
Resolver.
Mudar.
Propor.
Marcar.
E essa vida infinitiva,
Em eterna descontinuidade.
De verbos em "novelar, novelar, novelar."
Meu verbo preferido é viver.
Ausência.
13 de dez. de 2009
Um dia de manhã
E batem as portas.
Eles não ligam...
Se eu fui a igreja
Era brincadeira.
Perdido...
Passos e passos inúteis
Eu me sinto forte
Pra dentro.
E não tem palavra,
Que me faça ficar:
"Volte a ser o que era..."
Vivo entre os portões
Um leva pra casa
O outro leva pra vida.
E batem as portas.
Eles não ligam...
Se eu fui a igreja
Era brincadeira.
Perdido...
Passos e passos inúteis
Eu me sinto forte
Pra dentro.
E não tem palavra,
Que me faça ficar:
"Volte a ser o que era..."
Vivo entre os portões
Um leva pra casa
O outro leva pra vida.
Sol-dade
Ah!, saudade que assola
Despedaça-me o dia
Fica um tempo e vai embora
Não demora e (re) torna
Cada volta mais doída.
Despedaça-me o dia
Fica um tempo e vai embora
Não demora e (re) torna
Cada volta mais doída.
Café
11 de dez. de 2009De manhã
Pra variá:
Café
De tarde
Pra completá:
Café
De noite
Pra não dormí:
Café
De madru
Pra acordá:
Café
No intervalo
Das re
Layout novo, vida nova, mesmos escritos de sempre
10 de dez. de 2009
Nada como o bom e velho casaco marrom emprestado de um bom e velho amigo.
Janaína na bandeja
9 de dez. de 2009
Cada um, samba a nota
A nota oferecida
Na bandeja com ou sem
Bebida
Na bandeja com ou sem
Não vale a pena sambar
Se o batuque não é bom
É melhor ajoelhar, rezar
Pressa zica passar
Pega a cadeira, Janaína
E passa pra lá
Põe a cadeira no canto
E sem canto
Vá se sentar
Põe a cadeira no canto
E sem encanto
Vá se sentar
Põe essa cadeira no canto
E aos prantos
Vá se sentar
Rapa pra lá
Esse samba não compensa
Até essa zica passar
Deixa o garçom voltar
Vou pedir uma bebida
Pra gente se animar
Vou pedir uma bebida
Com ou sem medida
Na bandeja com ou sem
Na bandeja com ou sem
A nota oferecida
Na bandeja com ou sem
Bebida
Na bandeja com ou sem
Não vale a pena sambar
Se o batuque não é bom
É melhor ajoelhar, rezar
Pressa zica passar
Pega a cadeira, Janaína
E passa pra lá
Põe a cadeira no canto
E sem canto
Vá se sentar
Põe a cadeira no canto
E sem encanto
Vá se sentar
Põe essa cadeira no canto
E aos prantos
Vá se sentar
Rapa pra lá
Esse samba não compensa
Até essa zica passar
Deixa o garçom voltar
Vou pedir uma bebida
Pra gente se animar
Vou pedir uma bebida
Com ou sem medida
Na bandeja com ou sem
Na bandeja com ou sem
...
A pergunta que perturba é: como controlar a dormência da consciência que de dentro de nós avança? Como se dormíssemos pro mundo e só existíssemos pra dentro. Um dentro superficial. Longe do fundo e perto da tampa. Existir é fácil, difícil é sentir a existência. Ser consciente dos "eventos" que são percebidos pelos sentidos não é complicado. Mas os sentidos são exatos? Os sentidos são falhos!, como falha é a consciência. Fadados à fabilidade. Fadados ao desespero da tampa longe do fundo. Ao desespero na ponta do abismo; ao desespero que não enlouquece, mas atormenta. É como carregar a dor da perda e nunca descobrir o que foi perdido. É um problema sem solução. E sem solução não há problema. Pela metade: A existência, a consciência, os sentidos, a verdade... Vivemos pela metade, sentimos pela metade, somos a metade - que não é parte nem todo. Existimos no limite. No limite do meio termo.
Beijinhos
8 de dez. de 2009Beijinhos coloridos,
Voadores, mágicos
Que flutuam,
E correm assustados,
Ao som da gargalhada;
"É a bruxa, é a bruxa"
E os beijinhos se escondem
E não aparecem mais...
O mundo então entristece
E o amor desaparece
"E tale coisa" e "coisa e tale"
Para o campo!
Próximo ao campo desejo estar
Para das bestas selvagens me rodear
E das bestas urbanas me afastar
Para das bestas selvagens me rodear
E das bestas urbanas me afastar
Bum!
7 de dez. de 2009
Eu quero um encanamento novo
Que canalize a intensidade
Dos meus quase-sentimentos noturnos
Tão fortes e tão fulgazes
Que canalize a intensidade
Dos meus quase-sentimentos noturnos
Tão fortes e tão fulgazes
Para o sangue sobre o chão
O sonho da menina correndo sem fita no cabelo
Rompido quando abrem à porta e chamam, chamam
E eu atendo o telefone, sem café, sem alegria
Só o gosto de sangue que sobrou do sonho
Eu sou o que sobrou dos meus sonhos
E eles foram tantos, tantos que eu esqueci quase todos
E eu era muito, tanto e transbordava
Era prato cheio de coisa boa
Era uma explosão de areia no centro da cidade
Todo mundo me via e eu queria assim
Mas sempre acordava e só sobravam migalhas
E migalhas são coisas poucas, de menos, são falta...
Nem precisam de prato, cabem mesmo na mão
Rompido quando abrem à porta e chamam, chamam
E eu atendo o telefone, sem café, sem alegria
Só o gosto de sangue que sobrou do sonho
Eu sou o que sobrou dos meus sonhos
E eles foram tantos, tantos que eu esqueci quase todos
E eu era muito, tanto e transbordava
Era prato cheio de coisa boa
Era uma explosão de areia no centro da cidade
Todo mundo me via e eu queria assim
Mas sempre acordava e só sobravam migalhas
E migalhas são coisas poucas, de menos, são falta...
Nem precisam de prato, cabem mesmo na mão
Uma Porta
Tem um olho
E o olho abre
Tem uma boca
Que se abre toda
Na frente da casa
Tem uma porta
Que está fechada
Nunca foi aberta
Quem a colocou ali
Saiu pelos fundos
E o olho abre
Tem uma boca
Que se abre toda
Na frente da casa
Tem uma porta
Que está fechada
Nunca foi aberta
Quem a colocou ali
Saiu pelos fundos
Tem doce
2 de dez. de 2009
A janela fecha e abre
A escada sobe e desce
Quem tem cadeira remexe
Quem não tem fica quadrado
Lá na Laje tem gingado
Tem churrasco e tem a Nega
Se escorrega na ladeira
Só sossega aqui em baixo
Na cozinha tem um tacho
No tacho tem doce, doce
A escada sobe e desce
Quem tem cadeira remexe
Quem não tem fica quadrado
Lá na Laje tem gingado
Tem churrasco e tem a Nega
Se escorrega na ladeira
Só sossega aqui em baixo
Na cozinha tem um tacho
No tacho tem doce, doce
A casa da rua da festa
1 de dez. de 2009De cada vontade
A diversão que ela vale
O grito na festa, é o grito
É a festa, é a fresta do grito
Que ecoa na rua
Na rua da casa da festa
E a fresta ilumina a rua escura
A luz da fresta ilumina
A diversão à vontade
É tarde, se sabe
E cabe ao dia
Acabe a noite
E a festa da casa da rua
Que a fresta ilumina
Perpetua
A raça perpetua
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